6 de janeiro de 2011

Aí vimos que nada se havia se findado. Todos sabiam exatamente aonde almejávamos chegar. Talvez nós nos perdêssemos no caminho. O que não seria de todo mal.
Iríamos fazer sinal de fumaça. Beberíamos de nosso líquido.
Gritaríamos para escutar o eco infinito, pois nós estaríamos presos à nossa fuga. Seríamos, e seríamos esquecidos.
Sabe, faríamos a diferença e um dia morreríamos. Mas pelo contrário, descobri pessoas imortais no escuro, infalíveis. Nunca deixaram pista alguma pelo trajeto.
Nunca iriam nos encontrar, nem nós mesmos. De olhos fechados, de mente aberta (Leslie).
Seríamos nosso reino e aquilo tudo, um fruto semelhante à nossa idéia de perfeição.
Se por acaso, uma treva ou um raio interferirem no caminho, vamos correr.
Ninguém no mundo deve fugir. Apenas do medo.
Correr pra longe, espiar buracos. Cavar fechaduras.
E, caso aconteça, ao longo do caminho, de esbarrar em cristais pesados, faça-os artifícios de uma vida que valeu a pena. Tire fotos com a claridade, e para o breu da noite, reserve o mais afrodisíaco dos pensamentos.
Empinar pipas, brincar de bolhas, jogar uma bola colorida para o alto.
Aliás, jogaríamos durante nossa vida muitas bolas pro alto. Bolas de salário, de empregos, de chefes mandões e rotina de trabalho.
Jogaria como bolas coloridas também o descaso e a comodidade. Vá-se longe, sonhe ao máximo.

Nós sonharíamos tanto, que perderíamos muito tempo dormindo. Mas porque a ressaca não perdoa ninguém.
Compre camisas listradas, chinelos de dedo, mostre os pés às águas. Que, ainda por cima, elas um dia, viriam a lavar nossa alma.
Nós nos atiraríamos dentro d’água como se soubéssemos nadar. Filhos de Poseidon, filhos de uma harmonia cristalina. Iríamos onde jamais outro humano foi, pisou, nadou.
Nadaríamos pelos mares, navegaríamos pela internet.
Seríamos descendentes de nossa geração. Talvez de descendência negra, ovelhas negras.
Regurgitaríamos a bile como se fosse a saliva aglomerada em forma de cuspe. Vomitaríamos os problemas.
E que nos chamassem de depravados. Seríamos isso mesmo.
Não estaríamos presos ao sistema, nem ao que pra todos - acha-se - que é necessário.
Na verdade, nossa única prisão seria a nossa mente aberta demais. Nossa sede de viver.

Nossa sina. Freedom!

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