23 de julho de 2010

Percebi então que meus ídolos eram tão velhos e que morreram, alguns, até mesmo antes do meu nascimento.
Outros porém, estiveram na terra enquanto meus olhos enxergavam e, mesmo longe, eu sabia. Eles existiam.
Aos poucos foram morrendo, e talvez o último deles esteja aqui do meu lado, mas em pó, em silêncio.
É difícil acordar e ver tua cabecinha branca apenas em fotos, apenas em mente.
Pior ainda, é conviver com as pessoas que sentem a mesma falta, que sabem exatamente o que estou sentindo. Porque elas sentem o mesmo.
Estamos todos unidos por uma dor. Unidos pelo sangue e pela falta do anfitrião.
Do meu ídolo.

Tenho medo do escuro. As notícias ruins sempre vem à noite, na mesma hora. No mesmo lugar.
Tenho receio de fechar a porta, pois sempre recebi as piores notícias, com a porta fechada. Com a porta temente.
Tenho visto velhinhos nas ruas, cabeças branquinhas e a vontade de abraçá-los me consome. A saudade me faz procurar nos outros algo que eu jamais poderei tocar novamente.
Eu temi tanto. Tanto.
Esteja onde estiver, meu velho, meu amigo, olhe por mim.
E faça com que eu sinta você junto comigo, apenas quero ter certeza de que nunca foi embora.
Nunca caiu, nunca parou de respirar.

Tento esconder a tristeza, A Grande Tristeza, mas quando eles passam, tão velhos, por meus olhos, é inevitável, instantâneo o movimento das mãos para enxugar as lágrimas envergonhadas. Quando isso vai passar? Quando eu vou vê-lo novamente vô?

A droga da vida?
A droga da morte.

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