Que fome, que nada.

Ano passado fizemos um projeto social visando ajudar, realmente, um família necessitada.
Pedimos, então, para que uma assistente social nos indicasse qual seria a melhor escolha. Fomos atrás e encontramos a tal família que, segundo a assistente em seu trabalho diário, era perfeita para receber nossa ajuda.
Daí começamos a luta, contra os dias e contra o tempo para deixar tudo organizado.
Reformamos a casa, fizemos mais cômodos, conseguimos doações, arrecadamos material de limpeza, alimentos e inclusive brinquedos novos praquelas crianças.
Lavamos suas cabeças, cortamos seus cabelos e colocamos os pequenos na escola, fizemos deles, cidadãos; dando-lhes o documento de identificação.
Limpamos sua casa, pintamos e até fizemos uma nova calçada. Fomos capazes, inclusive, de arranjar um curso de especialização para que a Dona da casa fizesse, para que o Pai daquelas crianças conseguisse um emprego, também conseguimos-lhe um curso para pedreiro.
E então eu me pergunto: Onde estão essas pessoas hoje?
Onde estão aquelas pessoas que ajudamos, sem nem saber realmente quem eram?

Elas não estão mais na casa que, com tanto esforço, construímos. Na verdade, eu acho que eles estão usufruindo do dinheiro que conseguiram com a venda da mesma. Pois é minha gente, eles venderam a casa, e até esses dias, vi uma das menininhas - uma das filhas daquela Mulher - na rua, toda imunda e tenteando um pedaço de pão pra comer.
Ou um pedaço de dignidade pra levar consigo.
E que futuro essas crianças tem? Elas não tem nada a não ser um pão. Elas não tem nada a não ser a lembrança de que um dia, alguém tentou mudar as suas vidas. E que um dia, a Mulher que se disse Mãe delas, tirou a única certeza delas.

Por quê o mundo está contra elas? E enfim, por quê elas são obrigadas a viver desse jeito?
Elas não merecem uma educação? Não podem sonhar?
E quais serão os sonhos dessas crianças?

O meu sonho, hoje, é que elas possam crescer dentro de si mesmas, e que o mundo às acolha com os braços abertos, pois somente Deus sabe...
Sabe que todos tem o direito de mudar, de prosseguir, e principalmente, de sonhar.