3 de setembro de 2009

Medo da chuva - Raul Seixas

[ que dia feliz ]

Confesso que fiquei um tanto pirada quando liguei pra casa e me falaram que não havia carro para me buscar na escola, mas poxa, foi a melhor coisa que poderia ter acontecido hoje.
Esperei um pouco, parei, talvez tentando achar um tantinho de coragem pra enfrentar aquela tempestade lá fora. (nem tanto)
A chuva caía aflita, feroz. Eu caminhava calma, alegremente, contando os passos, as calçadas, como de praxe.
Aproveitei cada pingo que caía sob minha cabeça. Cada gotícula de vida deslizando em meu rosto.
Caralho, que sensação foda.
Eu repetiria mil vezes.
Obriguei minhas pernas a caminharem devagar. Obriguei meu corpo à obedecer a monotoniedade e a agitação daqueles fios d'água que tocavam o chão e tudo que estivesse acima dele.
Fiz questão de esquecer que aquilo era apenas um momento, eternizando cada gesto que me levava em direção à minha casa.
A rua vazia, alguns carros ansiosos, provavelmente direcionando-se cada um para suas respectivas residências, todos sequinhos, todos conservados.
E eu lá, molhando toda a extensão do meu corpo, meus livros, meus projetos, meus sonhos.
Tudo oque havia em mim naquele momento, transformou-se em água, água que caía.
O pranto das nuvens hoje, foi pra mim, um dia feliz.

Nenhum comentário: